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O diagnóstico

Cláudio Andrade | Publicado: 20/01/2018  |  Editado: 20/01/2018

O diagnóstico

   Estamos em um momento em que preservar o mínimo parece ser o máximo possível. Impressionante. Há pouca confiança em um rumo. Não que o passado tenha sido melhor, mas no olhar de cada brasileiro há vestígios de que nossa posição piorou, daí o elogio a momentos do ontem por não saber o que teremos amanhã. Esta é a realidade nua e crua.


   A era do absurdo como alguns intelectuais estão classificando o tempo presente evidencia que precisamos defender valores que nos pareciam já garantidos. Falar está perigoso e ser normal é quase patológico. A decência virou uma especiaria. Como já escrevi outro dia, a tecnologia e as redes sociais jogam mais contra a humanidade que a favor. Incivilizados falando de civilização e injustos falando de justiça.


   Capitalistas e socialistas parecem ser inimigos da natureza humana. Defensores de direta e esquerda prejudicam a humanidade porque não sabem dialogar verdadeiramente. A boa arbitragem e a boa mediação através da palavra ao atrofiarem-se, cedem espaço para o ódio e o soco.
Engrossando a fila daqueles que temem o pior, Antonio Damásio, neurocientista português, sentenciou: “se não houver educação maciça, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”.


   Nestes muitos anos vividos, jamais pensei que perderíamos tanto assim ou que jogássemos fora tantas oportunidades extraordinárias de melhorar nossa presença neste mundo. Recuamos demais e agora está difícil manter a mesma posição.


   Políticos bons do passado transformaram-se em síndicos. Políticos comuns em mercenários. A lógica da compra e da venda tomou conta de todas as instâncias e o mercado escolhe e elege o que quer pelo silêncio de uma maioria adormecida.


   Não quero aqui profetizar o pior, até porque acredito que podemos reverter situações consideradas já perdidas. Tudo depende da opção individual de cada um de nós por um estilo de vida incomum.


   É urgente que decidamos o valor que queremos dar às questões que realmente nos interessa, a saber: saúde, educação, vida familiar, natureza, ciência, arte, deveres cívicos dentre outros. Não podemos abdicar de tomar uma posição. Infelizmente pessoas consideradas de bom caráter, por medo da discordância, evitam tornar públicos seus reais valores morais e suas convicções espirituais e isto trás a todos nós um custo muito caro, quase irreversível. Não custa lembrar, ‘mercado’ nunca foi comum e agora de forma ainda mais cristalina marginaliza tudo o que um dia já foi comum. Sabemos que não podemos viver sem a lógica do mercado, mas também sabemos que não podemos viver somente com a lógica do mercado.

 

Um abraço a todos !

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