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Detectamos o vírus! Rumo à cura!

Temos condições de exportar para o Brasil com selo de qualidade um fenômeno político curioso, a saber: a sucessão nas velhas oligarquias da política com eficácia. Aqui sempre se passou “jovens na política” como renovação quando na verdade sempre foi a manutenção das velhas vigas mestras. É ou não é?

Claro que não é só Guarapuava. Vejam alguns candidatos à Assembléia Legislativa de nosso Estado desfilando em horários gratuitos. Mesmo não sendo obrigados a votar em herdeiros, vota-se e familiariza-se  com estas novas velhas caras pela falta de protagonismo de jovens essencialmente jovens. Em uma rápida olhadela nas candidaturas de nosso Estado vê-se o óbvio, ou seja,  quase a metade dos candidatos deputados com potencialidade de eleição são herdeiros políticos, podendo  ser eleitos ou reeleitos graças ao capital político de parentes diretos que já ocuparam algum cargo eletivo. Vêem-se nomes como Felipe Franceschini (lembrar o Pai Delegado e atual Deputado Federal); Luisa Canziani (lembrar o Pai e candidato ao Senado Alex Canziani); Pedro Lupion (Lembrar do Avô Governador); Reinhold Stephanes Júnior (Lembrar do Pai Deputado Federal); Alexandre Curi que mudou até o nome fantasia de Khury para Curi (Lembrar do histórico Aníbal Khury); André Bueno (filho do ex-Prefeito de Cascavel Edgar Bueno); Bruno Pessuti (filho do ex-Governador); Luiz Hauly Filho (filho do Deputado do mesmo nome); Marcelo Richa (filho do ex-Governador); Maria Victória (filha da Governadora e do Pai Deputado Federal), Artagão Júnior (filho do Conselheiro); Cristina Silvestri (esposa do ex-Deputado Federal); Requião Filho e assim a lista vai.

Sei que não é só Silvestri, Carli e Mattos Leão. É muito mais que isso.  Tais clãs políticos possuem simultaneamente lógica de riqueza e poder e a assinatura de dependentes de plantão. Trata-se de uma plutocracia, afinal  quanto mais rica a família política, maiores as chances de elegibilidade.

Neste cenário, o que  resta fazer?  O que o “resto” pode fazer?

O resto é o que resta daqueles e daquilo que não se consegue normatizar pela maquinaria política. O resto são os que restam como uma alteridade, um ‘afora’ ou quem sabe uma mera alternativa. Jogo dificílimo que inibe pessoas, neutraliza outras e apaga uma grande maioria.

Alguns eleitores lúcidos e esclarecidos se revoltam, se rebelam, anulam o voto, votam em branco, mas uma grande maioria de servos voluntários endossam e avalizam.  Por isso quando dois jovens, um Nieckars da Silva e um Klosowski, colocam seus nomes de forma corajosa e enfrentam a pressão das máquinas, a chantagem dos dependentes, a ameaça invisível da hegemonia política, temos que comemorar, aplaudir, dar luzes a esta resistência pedagógica e cravar um voto anti-sistema.

Tanto João Alberto Nieckars quanto Guto Klosowski são esclarecidos, qualificados, formadores de opinião, destemidos e não dependem da política em si.

João Nieckars, 36 anos, solteiro, advogado e economista, liderança atuante do Movimento Moraliza, Professor Universitário pode surpreender e fazer do resto mais que uma sobra. Com um gasto menos que simbólico, tem potencialidade para cadaverizar nomes históricos e sacralizados de nossa Guarapuava.

Guto Klosowski, 33 anos, solteiro, economista, formado em gestão pública, especialista em gestão do SUS e Mestre em Desenvolvimento comunitário, Professor Universitário pode também surpreender e com um gasto mínimo do mínimo pode dar um vão-se todos a muitos nomes também sacralizados.

Não se trata de negar por negar, mas sim de afirmar novas abordagens, novos projetos, a possibilidade de uma ação humana diferente e competente. Está na hora de tentar uma nova política, um novo ser humano, uma nova comunidade, pensando e promovendo o ajuste do que aí está, a potência da vida, e a vida humana como potência de ser e de não ser. Sem contar que as bandeiras destes dois jovens resistentes são não só necessárias como aplicáveis. Qual o custo disto ? Voto livre.

Não confunda jovens na política com nepotismo na política ou manutenção juvenil das velhas oligarquias. Não custa lembrar: “Se a árvore está oca, outra precisa ser plantada”.

Diferentemente do ato de exportar o curioso fenômeno do nepotismo na política podemos exportar o curioso fenômeno de uma nova fundamentação da política com fertilizantes saudáveis e sem vícios.

Guarapuava poderá ser um novo paradigma político ou não.

Detectamos o vírus! Rumo à cura!

Cláudio Cesar de Andrade | Publicado: 01/10/2018  |  Editado: 01/10/2018

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