

CADEIRA 03

FUNDADORA
PATRONO
SUCESSORA
A conquista definitiva, o povoamento dos Campos Guarapuavanos e, conseqüentemente, a expansão das fronteiras paranaenses para o Sul são páginas de nossa História que precisam ser reescritas. Assinalam numerosos sacrifícios, muitos deles superados graças à bravura e enérgica decisão do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal, cujo trabalho ainda não foi registrado com a merecida láurea e aguarda a justiça no Tribunal da História. São passados 195 anos e Guarapuava, que foi por ele conquistada e colonizada, ainda não lhe rendeu a justa homenagem de um monumento que lhe perpetue a memória.
Mesmo que por ventura fossem verdadeiras as acusações de que sua atuação, nessa tarefa, foi um tanto autoritária, não é motivo para ofuscar o mérito do seu trabalho, nem tão pouco, relegar ao esquecimento a glória de ter conquistado definitivamente os Campos Guarapuavanos e dar início ao povoamento luso-brasileiro no Terceiro Planalto do Paraná.
Foi na dificuldade que nasceu o discernimento para a escolha do melhor caminho, como foram a experiência e a disciplina militar do comandante que garantiram o sucesso de tão ousada missão, ou seja, com tão parcos recursos abrir clareiras num sertão inculto e desconhecido, distante, sem comunicação e infestado de índios e feras bravias. Enfrentar o descontentamento de proprietários com o traçado da estrada, que teria de abrir em suas terras, para ligar Guarapuava a Curitiba. Acrescentando-se ainda a crise provocada pelas lutas no sul, que absorveram os escassos recursos materiais e humanos do erário, especialmente da Vila de Castro, onde a Expedição teria que se abastecer.
Diogo Pinto de Azevedo Portugal nasceu, em 1750, na Vila de São Bartolomeu dos Barqueiros, Comarca do Lamego, Província da Beira, Portugal. Batizou-se na capela de São Silvestre, com o nome de Diogo Pinto de Azevedo; acrescentou "Portugal" ao nome quando já ocupava o posto de Capitão de Infantaria dos Voluntários Reais, em São Paulo, por existir um homônimo naquela Legião. Era filho de Manuel de Azevedo Pinto e Josefa Luiza de Jesus e veio ao Brasil com 21 anos de idade, como tripulante de um veleiro. Em 1772, assentou praça em Santos, galgando vários postos militares e prestando relevantes serviços como a expulsão dos espanhóis do Sul, a reabertura do Caminho de São José dos Pinhais à Guaratuba e Povoado da Piedade; a recuperação da Estrada da Graciosa e, posteriormente, como Juiz Ordinário de Curitiba.
Pela Carta Régia, de 1° de abril de 1809, Diogo Pinto de Azevedo Portugal foi elevado ao posto de Tenente Coronel e Comandante da Real Expedição e Conquista de Guarapuava. Após nove meses no sertão abrindo caminhos, construindo estruturas para quatro abarracamentos e roças para a subsistência de 300 pessoas, entre as quais — a esposa grávida de sete meses, convivendo com criminosos degredados - sua Expedição chegou em Guarapuava, no campo que denominou Trindade, em 17 de junho de 1810. No local, construiu o Fortim Atalaia e fundou o Povoado do mesmo nome, que passou a ser distrito de Castro; distribuiu terras e deu início ao povoamento.
Nos oito anos em que esteve no comando da Expedição deu início à pecuária, fez aliança com o Cacique Pahy, dos Camés; construiu a estrada que liga Guarapuava a Curitiba pelo Passo do Cupim; explorou o sertão e a navegabilidade dos grandes rios; iniciou a construção da cidade Real João, no Pontão das Estacadas, Campo Real; enviou a expedição de Athanagildo Pinto Martins ao sul, para abrir um caminho a fim de tirar o gado daquela região. Mas, enfrentou acirrada disputa pelo poder com o Pe. Francisco das Chagas Lima, o que lhe causou a substituição daquele cargo, em 9 de julho de 1816.
Injustiçado e doente Diogo Pinto de Azevedo Portugal faleceu aos 70 anos de idade, no dia 3 de maio de 1820, após ter prestado 48 anos de serviços ao Brasil.
Foi sepultado debaixo do altar-mor da matriz de Castro, Paraná.