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Cláudio Andrade | Publicado: 08/01/2018 | Editado: 08/01/2018
É o que vejo
Tenho lido muita coisa. Coisas que merecem ser lidas e coisas que merecem o lixo. Tenho me exercitado inclusive em ler coisas não familiares ou até mesmo avessas ao que penso. O saldo é ler muitas verdades, mas não toda verdade. Há aqueles que no desespero defendem o retorno de uma ditadura constitucional. Não querem ninguém que está aí. Há aqueles divididos entre o extremismo e o equilíbrio e há aqueles que não querem mais nada. Tchau Brasil.
Há sinceridade e hipocrisia. Um dos argumentos lúcidos que li refere-se ao seguinte raciocínio: “não é porque concordo com algumas políticas públicas do PT que avalizarei a possibilidade do retorno daqueles que nos fizeram desacreditar de tudo”. Da mesma, li também: “não é porque odeio a esquerda que vou me submeter a estes que me provaram serem bem piores”. De todos os textos que ando lendo e das pessoas inteligentes que tenho conversado, dou mais crédito àqueles “sem paixão”.
O fato é que não será a maioria livre quem elegerá o (a) novo (a) Presidente. Está em curso uma instrumentalização do grande discurso. Sem chance, seja qualquer o (a) vencedor (a) teremos um governo fraco e pouco representativo. Ou apoiado pelo povo ou apoiado pelo mercado. Verdade crassa.
Os formadores de opinião, a grande mídia, não fazem outra coisa senão definirem Lula e Bolsonaro como representantes de um extremismo louco e aliviar e fazer passar um nome que ocupe o centro e um suposto fim do ódio que atende aos interesses do estereótipo de um povo pacato, tranquilo e tipicamente brasileiro. Defende-se a moderação como a saída racional e os herdeiros deste discurso não são outros senão Meirelles e Alckmin. Outros partidos e nomes alternativos podem até ter qualidade intelectual e ética, mas estão com uma estrutura tão pequena que poderão passar desapercebidos, é o caso da Rede de Marina Silva.
Como sentenciou Safatle, o grande discurso conciliatório de equilíbrio, serenidade e juízo não passa de uma estratégia bem pensada para aprovar um nome que interessa à parte superior. Assim, o jogral começa a defender pacificação e estabilidade.
As grandes mídias, em ataque, recuperaram uma frase de Lacerda para bloquear os preferidos da vontade popular [Lula e Bolsonaro]: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Então o que sobrou? Sobrou interesse, só que não do povo.
As instituições [Sociedade civil organizada e Judiciário] estão fragmentadas e impotentes e pouco fazem diante do espírito de facção que assolou o país. Se acontecer o que a grande mídia e o mercado defendem na reta final, ou seja, a vitória de um instrumento chamado Alckmin ou Meirelles, teremos que conviver com fantasmas vitoriosos [ Lula e Bolsonaro]. Ficará explícito o “perderam, mas ganharam”. Neste cenário, Alckmin já emplacou seu clichê: “o país não precisa de gente que cospe fogo, mas de gente que gosta de gente e, sobretudo, de quem trabalha”. É o que vejo
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